amores expresos, blog da CECÍLIA

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Primeira impressão

Acabei de imprimir o livro. Não, não está pronto. Ainda algumas semanas de trabalho. Mas está, por assim dizer, completo. Agora, vou reler e retrabalhar e reescrever tudo, página por página, linha por linha. Mas a divisão das partes e dos capítulos e a ordem dos mesmos é a que tenho agora diante dos meus olhos. Esse modo de trabalhar é inédito pra mim, e preciso confessar que, quando comecei, não sabia se ia funcionar.

Normalmente, eu bolo toda a estrutura primeiro e só depois começo a escrever. À medida que escrevo (primeiro à mão, depois no PC), reviso e reescrevo. Só ao final é que imprimo e reviso a coisa toda. Antes, vou trabalhando parte por parte. Assim, em condições normais, há relativamente pouca coisa pra revisar quando imprimo o volume todo, posto que o texto já chega arredondado a essa etapa do trabalho. O problema desse processo é que, bem, ele demora muito. Se eu fosse escrever meu romance pra coleção Amores Expressos dessa forma, que é a maneira como geralmente trabalho, não conseguiria terminá-lo em menos de sete, oito meses, isso se encarasse as jornadas suicidas de trabalho que venho encarando. Como, em condições normais, eu trabalho no máximo seis horas por dia e apenas cinco dias por semana, bem, os senhores Rodrigo Teixeira, João Paulo Cuenca e a galera da Companhia das Letras só teriam o desprazer de ler os meus originais lá pro final do ano que vem. Felizmente pra nós todos, eu tenho me matado de trabalhar e consegui adaptar com sucesso o meu processo criativo às condições acertadas (ninguém me impôs nada, viu?).

Agora, o livro. Eu preciso dizer que ele está bem maluco. Que eu estou brincando com um monte de coisas diferentes. Que é, ainda mais do o que meu romance de estréia, e para usar as palavras de Ronize Aline, responsável pela melhor leitura daquele meu romance a ser publicada pela grande imprensa, um romance de formas híbridas. Nesse sentido, ele é um desdobramento natural das minhas preocupações estéticas (é, eu tenho preocupações estéticas. Bacana, né?). E eu vou repetir isso aqui até a galera que for ler os originais e decidir ou não se publicam o romance ouvir: nele, nada é gratuito, nada é por acaso. Eu disse: NADA. Fatalmente, como qualquer outro livro, vai ter detratores e (meia dúzia de) admiradores (minha família é pequena). Mas todos, detratores e admiradores, JAMAIS poderão dizer que leram nele algo que parecia simplesmente vomitado ali. Pessoas, eu não sou desse tipo. Sorry, há quem aprecie vômitos, mas eu não. Valha-me João Cabral.

Sim, o livro está ficando rigorosamente tresloucado. Impresso, aqui diante de mim. Sobre ele, minha caneta preta. Um desses marcadores permanentes, sabe? Cor preta. Já extirpei, decepei e arranquei mais coisas com ele do que Jason com um machado ou a Noiva com sua espada. A melhor parte do meu caráter: não tenho dó nem piedade de trechos que considero falhos, obtusos ou apenas ridículos. Meu nome é trabalho. Não, eu disse "trabalho".