amores expresos, blog da CECÍLIA

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Fazendo fita - Leblon

[QUINTA-FEIRA, 03/05 # SEXTA-FEIRA, 04/05] - Maluquice. Andando pela cidade com Estela e o bacanérrimo Vacilão e o nosso guarda-costas Michael e sendo filmado. Fiquei me lembrando de Simone Campos dizendo que, caso tivesse de fazer algo assim, as imagens captadas seriam dela correndo horrorizada, tropeçando e caindo de cara no chão. Eu me incomodei menos, por certo. Um susto na Praça da Sé, quando ainda estávamos sem o nosso segurança e um mendigo ficou injuriado porque o teríamos filmado. Tirou foto tem que pagar!, berrou. Nunca fiquei tão feliz na vida por ver um policial. Uma volta pelos lugares que citei aqui. Sempre me sinto péssimo na Sé. Todo aquele desespero escorrendo por tudo que é lado. No metrô, a coisa foi mais tranqüila. Todos ao redor curiosíssimos e tal, aquela expressão de É PRO FANTÁSTICO? nas caras das pessoas. Depois, à Augusta pra ver o entardecer. Sentado a uma mesa do Ibotirama, na calçada, e a noite despencando, ruidosa. A Augusta se travestindo inteira, tinindo pra noite. É algo impressionante de se ver. Mesmo com uma câmera apontada pra minha fuça, consegui me perder por lá de novo. Uma bruta vontade de chorar. Os joelhos se quebrando. A rua inteira rindo pra mim com todos os dentes. Nunca me senti tão pequeno na vida. Estranho isso. Mesmo com uma equipe de filmagem me seguindo, mesmo assim foi como desaparecer completamente. Grandimensa saudade de algo que não sei o que é mas tenho certeza de nunca ter tido. Nostalgia por uma pá de coisas ausentes, claro, mas que, na verdade, nunca estiveram aqui dentro. Tipo chorar por um terceiro rim, talvez. Doeu. Foi lindo. Mas doeu demais. Ainda dói. À deriva. Mas sei lá que diabo é isso. Sei lá o que essa cidade quer de mim. Sei lá o que é essa cidade. Sei lá se essa cidade quer alguma coisa de mim. Precisar, ela não precisa, por certo. Por que precisaria? Agora há pouco, vindo pra essa LAN na Augusta, atravessei meia Paulista com os olhos fechados. Por quê?

Ontem à noite, ao Balcão com Estela. Ela teve de ir embora logo, filhinho (a) pequeno (a) e tal. Fiquei por lá um tempo e depois caí de pára-quedas no Leblon. E conheci esse sujeito, Magno ou Magnum (ou coisaqueovalha), dono de um bar que fica na Augusta, o Sarajevo. A conversa rendeu. Comentários sobre o apartheid paulistano, esse lance de oitenta por cento da população ser excluída. Depois, conversei longamente com uma garota. Só mesmo depois de muita cerveja pra conseguir abordar uma mulher deixando bem claro que não a estou cantando e que só quero que ela me conte alguma história. Explico quem sou e o que estou fazendo em São Paulo. A garota me conta que talvez (sic) esteja apaixonada por uma drag queen. Nunca transaram. Sequer se beijaram alguma vez. A drag a trata pessimamente. Só liga quando precisa de alguma coisa. Dinheiro, por exemplo. Depois de me contar tudo, a garota teve de ir embora com a mãe. Esta, sentada a uma mesa com dois senhores, ficava me olhando, curiosa. Viu a aliança no meu dedo e deve ter pensado: Minha filha só entra em roubada. Depois, comentei com meu vizinho de balcão, Magno ou Magnum, a história da moça. Ele me olhou sorrindo e perguntou: Onde mais você ouviria uma história dessas? Hein?